Jim Britt, roteirista do longa Para salvar uma vida, que chega este mês ao Brasil, diz que produção pode impactar o público jovem
Exibido com sucesso em mais de 400 cidades americanas, Para salvar uma vida chega agora em agosto ao Brasil com chance de chamar a atenção do público e da crítica também por aqui. Dirigido por Brian Baugh, o drama tem uma história que gira em torno do adolescente Jake Talor, um estudante bem sucedido em tudo: descolado, inteligente e próspero, ele é um dos mais populares alunos do colégio. Bem diferente dele é seu amigo de infância, Roger Dawson, que, negro e pobre, vive sendo espezinhado pelos colegas. Excluído de festas e das rodinhas de amigos, ele, humilhado, não vê alternativa senão tirar a própria vida.
A partir daí, Jake passa a viver perturbado pelo remorso e pela culpa. Como, vivendo em seu “mundo perfeito”, não fora capaz de perceber o drama do colega antes de impedir a tragédia? Refletindo sobre os próprios valores, ele então conhece outro rapaz, com perfil bem semelhante ao de Dawson, e enxerga a possibilidade de agir de forma diferente. Mas, como conciliar a atitude correta com tudo aquilo que conquistou? O filme mostra os conflitos internos de alguém que, como disse o apóstolo Paulo, nem sempre é capaz de fazer o que sabe ser certo. E o jovem chega à conclusão de que vale a pena pagar o preço.
Para salvar uma vida aborda suicídio, depressão, autoflagelação, isolamento, desprendimento e outros assuntos trabalhados normalmente por assistentes sociais em prol de jovens e adolescentes. Mas fica a seguinte pergunta: mesmo com tom sério, o drama tem conteúdo cristão. Conseguirá chamar a atenção de adolescentes e do público em geral? O roteirista Jim Britt fala de suas motivações e expectativas com relação ao trabalho:
CRISTIANISMO HOJE – Qual foi a sua formação em artes cinematográficas e de que forma ela o auxilia em seu ministério?
JIM BRITT – Sou especializado em cinema por uma universidade localizada em La Mirada, na Califórnia. No verão, antes de meu último ano de faculdade, fui convidado a trabalhar com alunos de ensino médio numa igreja. Naquele verão, trabalhei 80 horas por semana – e adorei tudo aquilo! Terminei minha especialização já sabendo que trabalharia em tempo integral no ministério com jovens. Na verdade, queria dedicar a vida aos adolescentes. Há mais ou menos três anos, procuraram-me com a ideia de escrever esse roteiro; percebi então que poderia usar tudo que aprendi para algo realmente útil. Muitas das histórias no filme são baseadas na vida real dos alunos com os quais eu trabalhei e os desafios que eles enfrentaram.
O que o motivou a escrever o roteiro de Para salvar uma vida?
Antes de mais nada, convém lembrar que, ao contrário do que geralmente acontece, o livro veio depois do filme. O que me fez escrever o roteiro foi a grande possibilidade de estar dia a dia conversando com jovens acerca de seus problemas. Praticamente tudo que foi abordado no roteiro e no livro é o que vejo acontecendo na vida de jovens e adolescentes com quem trabalho. A história realmente veio para levar esperança a jovens e adolescentes feridos, e também, para transformá-los em mensageiros da esperança. O meu desejo é passar uma mensagem aos feridos e solitários. Nós podemos salvar vidas!
A maioria dos filmes destinados ao público adolescente trata de temas como ação, terror, comédia ou sexo. Como você acha que será a reação deste público a Para salvar uma vida?
Sim, é verdade que não existem muitos dramas voltados para o público adolescente. Aliás, acho que é por isso que eles responderam ao filme de forma tão positiva. O filme não esclarece a dor deles, mas lida com ela de forma autêntica. Acho que costumamos subestimar demais os adolescentes, mas esse filme verdadeiramente crê numa geração capaz de mudar o mundo, e os impele a passar esta mensagem adiante. Nossa intenção não era apenas a de produzir um filme, mas de contar bem uma história, buscando um novo mover. Acredito que o sucesso de Para salvar uma vida não irá se basear somente nos números de bilheteria, mas sim, no número de vidas salvas e de pessoas tocadas através dele.
Como evitar os clichês numa produção desse tipo?
Uma das coisas que levam as pessoas a reagir positivamente ao filme é que ele não pretende impor nada ao espectador. Para salvar uma vida é realmente a história de um aluno que passa a viver uma vida muito além da simples busca por sucesso e popularidade, valores tão caros aos adolescentes, mas procura o verdadeiro significado da vida. Acho que, ao invés de se fazer séries com atores e atrizes, deveríamos fazê-las com pessoas que trabalham com os jovens. Com base na minha experiência com os assistentes sociais locais, vejo que estes atores sociais estão entre as pessoas mais trabalhadoras, carinhosas e dedicadas que já conheci. Como educador, considero os assistentes sociais como parceiros com quem me uno para ajudar a próxima geração. Na semana passada, fui a uma reunião com dois assistentes sociais para ajudar um aluno com dificuldades em meu grupo jovem. Fiquei muito surpreso e espero que esse filme seja incrivelmente inspirador, lembrando a esses profissionais o quão importante é o trabalho deles. Todos nós precisamos trabalhar em equipe para trazer esperança a nossos semelhantes.
Você está trabalhando em outro projeto no momento?
Sim, claro. Não posso falar muito sobre o próximo projeto, somente que o nosso próximo filme impulsionará os jovens a achar uma casa para cada criança de rua na África. Estou tão empolgado com isso que é até difícil pegar no sono à noite!